Ruína






Manhãs e poentes atravessam os meus
olhos e os horizontes permanecem à distância
de um sopro infinito. Há veios de ternura no
tecido baço das folhas, mas cada palma das minhas
mãos é um trilho desfeito pela tempestade que me
levou o tecto e me deixou para ser ruína.

E agora sou uma casa abandonada. Tão frágeis
as paredes do coração, que tremem. Tão finas que
transparece tudo o que já passou. A minha alma
é um poema verde manchado de sangue rompendo
as fissuras envenenadas das minhas paredes doídas.

E não sei porquê, resisto de pé. À espera de ser ruína.
Ou outra sombra qualquer.

3 comentários:

  1. Que chovam relâmpagos
    Bj

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  2. tão belo e tão dorido, Virgínia!
    importa lembrar sempre que "há veios de ternura no
    tecido baço das folhas..."

    beijo

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  3. "À espera de ser ruína
    Ou outra sombra qualquer"
    Mas de pé!... Que vendaval logrará derrubar quem assim lhe resiste?

    Um beijo meu

    Lídia

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