Longe
No peito onde a paz pousa agora a cabeça estava há
pouco o murmúrio inquieto do teu nome. Sou um
mapa de vielas juncadas de coisas que não foram
ditas. Gritos por dentro de tudo o que fica depois
do movimento repentino da tua ida. Para longe.
Desarrumada, esta sede, desalinho das curvas
com que chego aos teus olhos fechados, seca-me
os pontos do pensamento. Os ecos que sobram
soltam-se no centro da ternura estonteada, às
voltas, no tornado da tua ida. Para longe.
O chão terminou. Já não há onde caiam a cinza e
os estilhaços. A sombra na parede da voz possível
partiu-se. Não pode ler-se mais.
No peito onde a paz pousa agora a cabeça acaba
de morrer esse dia onde não chegámos a caber.
Lá longe.
in "Relevos", Poética Edições, 2014
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o sereno refluxo das ondas...
ResponderEliminaradmirável tensão da tua palavra. poética.
vibração de puro cristal
beijo
Buon inizio settimana...ciao.
ResponderEliminarNossa, com que força o longe faz-se perto por poema tão intenso.
ResponderEliminarCadinho RoCo