Perdi os braços no alto mar. Os braços e a força de
dizer o vocábulo lume. Perdi até a boca. E perdi
o céu onde a constelação do meu corpo pariu um dia
o fogo das coisas certas.
Abandonei os dedos com todas as palavras que ainda
tinham dentro na onda mais amarga, e ceguei. Perdi
todos os céus. Perdi até o céu dos olhos. E a visão clara
de todos os gestos que um dia valeram a pena.
Perdi os braços no alto mar. Os braços e a força de me
arder.
Perdi até o sentido de entender os poemas e a triangulação
das estrelas e a síntese química das pedras. Perdi tudo o
que
em mim foi um dia peito,
ar e sangue.
E sou agora um corpo amputado de tudo
o que mais quis.
pois é, minha amiga
ResponderEliminarandas "entretida" a editar outros livros e outros poema e privas os teus amigos do prazer de um novo livro teu.
és muito generosa, mas quem fica a perder somos nós.
o poema é admirável, claro.
beijo
um belo poema, e tudo se regenera até nós----
Eliminar:)
Concordo em absoluto com tudo o que o Manuel diz, como sabe, pois já tive oportunidade de lho transmitir.
ResponderEliminarMas ontem pareceu-me ter percebido que o próximo livro está quase pronto, o que me deixou muito feliz. :)
Um beijo
Todos os rios se perdem
ResponderEliminaraté se encontrarem
no mar