Dezembro nasceu-me despido. A pele que
nos pertence demora-se num antes de tudo e teima
em permanecer um eco desesperado que não chega.
Sinto a ressonância sob a língua cansada de tanto perder
a tua fala. A urgência silábica da tua presença atropela-me
a forma geométrica das coisas e eu caio num caos de sons
desconhecidos que só terminam no extremo litoral do teu nome.
Dezembro nasceu-me desamparado. Faltam mãos e um corpo
onde ser pássaro. Falta a boca onde ser cinza da ausência.
Dezembro é um filho prematuro deste tempo onde tu faltas.
Uma lágrima oca em suspensão na berma dos olhos vazios
à espera.
Dezembro nasceu-me despido. Despido e frio. Um ponto solto
do alinhamento da tua vinda. uma véspera doída da saudade
que me resta.
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Tudo pelo melhor
ResponderEliminarcom um beijo
Imagético, cru, verdadeiro tempo despido de asas...
ResponderEliminarMuito belo!
Beijo
plangente, como vibração de cristal vazio...
ResponderEliminarbelíssimo.
Bom Ano
beijo
Gininha, sabes-me por perto...
ResponderEliminarUm enorme abraço, um excelente 2014, querida amiga
beijo e o meu carinho