Dezembro nasceu-me despido. A pele que
nos pertence demora-se num antes de tudo e teima
em permanecer um eco desesperado que não chega.

Sinto a ressonância sob a língua cansada de tanto perder
a tua fala. A urgência silábica da tua presença atropela-me
a forma geométrica das coisas e eu caio num caos de sons
desconhecidos que só terminam no extremo litoral do teu nome.

 Dezembro nasceu-me desamparado. Faltam mãos e um corpo
onde ser pássaro. Falta a boca onde ser cinza da ausência.

Dezembro é um filho prematuro deste tempo onde tu faltas.
Uma lágrima oca em suspensão na berma dos olhos vazios
à espera.

Dezembro nasceu-me despido. Despido e frio. Um ponto solto
do alinhamento da tua vinda. uma véspera doída da saudade
que me resta.

4 comentários:

  1. Tudo pelo melhor

    com um beijo

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  2. Imagético, cru, verdadeiro tempo despido de asas...

    Muito belo!

    Beijo

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  3. plangente, como vibração de cristal vazio...

    belíssimo.

    Bom Ano

    beijo

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  4. Gininha, sabes-me por perto...
    Um enorme abraço, um excelente 2014, querida amiga
    beijo e o meu carinho

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