Às vezes há silêncio e o tempo não sopra. Mas tu
chegas sempre como um sorriso levantado do pó.
Um grito de presença a eclodir do chão. Um suspiro de ar
com sabor a beijo. Um pequeno e macio mover de dedos
insinuado no meu queixo quieto.

                [Insinuado em mim, um corpo aguardando-te mais.]

Às vezes trazes a primavera toda e é todo um céu que me cobre
quando me cobres de ti. Às vezes vens sozinho e viras o Inverno ao
contrário para que eu não arrefeça.  Às vezes é cedo e orvalha nos meus
olhos, ainda. Outras vezes é tarde sobre a espessura das pálpebras.
Mas é sempre como um sorriso levantado do pó que chegas. Um grito
de presença a eclodir da solidão.


4 comentários:

  1. "E por vezes as noites duram meses
    E por vezes os meses oceanos..."

    irresistivelmente, David Mourão Ferreira - no pulsar do poema.
    e no eclodir do chão onde se ergue.

    belíssimo

    beijo

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  2. belíssimo, minha querida amiga. e sim, David Mourão Ferreira, no extracto de poema que, desde o 1º dia na net serviu de mote ao título do meu blog e que, com toda a assertividade, já foi anteriormente referido.

    bem hajas, Gininha. a tua escrita é ENORME.
    beijinho

    Mel

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  3. uma escrita, muito bela....onde o silêncio ..ecoa nas palavras....

    :)

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  4. No chão há estrelas que pisamos

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